Monday, May 28, 2012

Desvalorização dos carros chineses

28/05/2012 Carros do Álvaro — Chineses encaram teste de desvalorização.
Os carros feitos na China ainda causam curiosidade no Brasil. Para conferir se eles são um bom negócio, simulamos o interesse em vender um Chery QQ e um JAC J3, dois dos chineses mais emplacados no País. Levamos a dupla à concessionárias das próprias marcas, além de autorizadas Chevrolet, Fiat, Honda e Volkswagen. Fizemos o mesmo com um Mille e um Fox, seus similares nacionais. A conclusão é que, ao menos por ora, o único que ainda vale a pena é o JAC.

Logo ao entrar nas autorizadas de marcas chinesas já dá para perceber que o atendimento é pior do que nas de fabricantes “nacionais”. A exceção é a JAC. Em todas as concessionárias da empresa visitadas na capital, o nível de atenção é de dar inveja às lojas de Fiat, Volkswagen, GM e Honda em que estivemos.

Mas, se no momento da compra os vendedores das chinesas prometem mundos e fundos, na hora da revenda quem precisa oferecer tudo é o dono do carro.

Levamos os quatro modelos a todas as concessionária das marcas citadas para saber quanto elas pagariam por esses carros na troca por outros zero-km. O resultado é que a depreciação dos chineses foi maior que a dos carros feitos aqui, em especial no caso do J3.

Veja a tabela abaixo:

JAC J3 1.4
0km – R$ 37.900
Usado- R$ 24.900
Desvalorização – 36,7%

Chery QQ 1.1
0km – R$ 24.900
Usado- R$ 16.000
Desvalorização – 35,8%

Volkswagen Fox 1.6
0km – R$ 37.000
Usado – R$ 26.00
Desvalorização – 29,8%

Fiat Mille 1.0
0km – R$ 25.530
Usado – R$ 18.000
Desvalorização – 29,5%

Quanto à manutenção, as marcas da China pecam pela sistemática falta de peças de reposição (veja na próxima página). Enquanto isso, nas concessionárias das marcas que produzem aqui e Mercosul, a oferta de componentes é, em geral, imediata.

Porém, uma das vantagens dos chineses é a ampla lista de equipamentos. Dos modelos de entrada, por exemplo, o QQ vem com sistemas caros como freios com ABS e airbags, que não são oferecidos pelo rival Mille nem como opcionais. E isso faz diferença na hora da compra.

Panorama

No mês que vem, os chineses completam quatro anos de vendas no País – a Changan (ex-Chana) chegou antes, mas com utilitários apenas. Desde então, eles vêm causando uma revolução no País.

O fenômeno ficou evidente com a estreia da JAC. A marca chamou a atenção com seus preços baixos e forte campanha de vendas, obrigando as montadoras tradicionais a baixar seus preços a níveis próximos aos dos novos concorrentes.
A JAC chegou ao Brasil com 50 lojas – agora tem 65 –, e vendeu 1.756 unidades em abril.

Mais antiga, a Chery aportou com 30 concessionárias, atualmente tem 105 e emplacou 1.318 veículos no mês passado.
Ambas terão fábricas no Brasil em breve. Lifan e Effa não informaram seus números de concessionárias e vendas.
Bom atendimento define compra

Das marcas chinesas que mais vendem no País, a JAC tem os clientes mais satisfeitos. O motivo mais citado é o bom atendimento, aspecto comprovado pela reportagem (leia mais na página ao lado).

“Gostei tanto da JAC que, quando for vender meu J3 Turin pretendo comprar um J6”, diz a vendedora Eliane Leite da Silva. De acordo com ela, todas as revisões foram feitas em, no máximo, 24 horas. “Nunca tive problemas. Aliás, quando bateram no meu sedã, como eu havia adquirido o seguro de dois anos, mandaram um guincho e carro reserva. São muito atenciosos.”

A administradora de empresas Helen Silva Cerqueira concorda. “O pessoal da JAC sempre me tratou a ‘pão de ló’.” Ela afirma que faz todas as revisões na concessionária. “Nunca trocaram nada além do necessário no meu hatch J3.”
Helen conta que, desde que comprou o carro, há oito meses, o único problema foi com a luz de advertência da injeção eletrônica no painel, que não apagava. Mas o defeito foi sanado. “Não sei o que fizeram. Mas ela nunca mais acendeu, o que me deixou bastante contente.”

Para o contador Douglas Garcia de Araújo, não existe, no mercado nacional, melhor custo-benefício que o Chery QQ. “O carro custou pouco e veio com os mesmos itens do meu Voyage. Não é tão robusto quanto o Volkswagen, mas resolve na cidade.”

Ele afirma que não usa o carro para viajar. “Acho que é fraquinho para isso, mas confio nele.” O maior receio de Cerqueira é o de perder muito dinheiro na hora da revenda. “Paguei R$ 24 mil e, quando o comprei, o vendedor disse que eu o venderia por uns R$ 21 mil, dois anos depois. Vamos ver se me enganaram.”

Já o consultor Kleber Augusto Runge Barreiros diz que comprou um Lifan 320 há um ano e meio e teve várias decepções com o pós-venda. “É difícil encontrar oficinas e peças.”

Ele conta que teve de trocar a caixa de direção duas vezes e o maquinário do vidro elétrico, entre outras peças. “Em cada uma das visitas a oficina o carro ficava, em média, três dias parado esperando por reparos. “Isso não pode acontecer”, desabafa.

Pós-venda preocupa

Visitamos dez concessionárias – duas JAC, duas Chery, duas Lifan, duas Volkswagen e duas GM – para conferir a quantas anda a oferta de peças de reposição. Resultado: apenas as das nacionais possuíam todos os itens para pronta entrega. Nem nos depósitos da Chery, que ficam separados dos showrooms, havia os componentes. Todos os atendentes disseram que, após fechar o pedido, os componentes levam cerca de três dias para ser entregues. De acordo com o gerente de uma revenda Lifan, a forma de trabalhar da marca é malfeita. “Tudo é importado e eles não mandam só a peça pedida, mas o sistema completo, o que atrasa todo o processo.”

por Diego Ortiz e Marcelo Fenerich
colaboraram Belisa Frangione e Ghilherme Waltenberg
Fonte: Blogs Estadão

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