Friday, June 8, 2012

Teste: Audi Q3 2.0 TFSI

08/06/2012 Carros do Álvaro — Audi lança o Q3 no Brasil, SUV requintado que gosta mesmo é de asfalto.Se há um segmento que cresceu na última década foi o de utilitários esportivos. Uma aparente contradição com o crescimento da população urbana, que não para de aumentar em todo o mundo. Mesmo que o visual derive de jipes lameiros, o habitat natural dos SUVs fica longe das trilhas barrentas e esburacadas de off-road – no máximo, são usados para aquela viagem ao sítio. Ao constatar essa demanda por SUVs urbanos, praticamente todas as fabricantes investiram nessa linha. Desde as generalistas até as premium. De olho em mais vendas nesse segmento, a Audi lança oficialmente no Brasil o modelo que mais se adapta a essa nova realidade dos SUVs. O Q3, um médio que tem quase tantos apelos esportivos quanto off-roads.

O lançamento do Q3 no Brasil foi quase a conta-gotas. Em fevereiro deste ano, a marca alemã fez uma espécie de pré-lançamento do seu menor utilitário esportivo. Apresentou nas concessionárias para deixar o carro mais familiarizado ao cliente da marca. Mas, mesmo com a boa divulgação, o modelo ainda não estava à venda. Não tinha nem preço nem pacote de equipamentos definidos. Apenas agora, quatro meses depois, o Q3 chega para valer. Com preço estipulado em R$ 144.900 na versão de entrada, ele chega para disputar mercado com BMW X1, Land Rover Evoque e Freelander.

Como em todos os segmentos que atua, a Audi não aposta em carros de entrada. Algo como uma maneira de tentar reaver o prestígio que ficou ligeiramente abalado com o abandono da marca por aqui depois do fim da produção do A3 no Paraná em 2006. Portanto, apesar de não ser um carro premium absolutamente completo, traz consigo uma lista de equipamentos interessante.
Na versão "básica", a Attraction, o que a Audi chama de Pacote Brasil é composto de acabamento interno em couro, banco do motorista elétrico, ar-condicionado, computador de bordo, luzes de led, freio de estacionamento elétrico, trio elétrico, rodas de 17 polegadas, faróis bi-xenônio e sistema de áudio. Entre os itens de segurança se destacam os seis airbags, controle de estabilidade e de tração, ABS, BAS e EBD.

Na intermediária Ambiente, é a que Audi espera que se concentrem 60% das vendas. Com preço de R$ 159.900, ela adiciona ar automático de duas zonas, retrovisor eletrocrômico, teto solar elétrico, rodas de 18 polegadas e sensores de estacionamento traseiro, chuva e luminosidade. A topo é a Ambition e agrega acabamento interno em alumínio, banco do carona com ajustes elétricos, retrovisores aquecidos e sensores de estacionamento dianteiro e de luminosidade com assistente de farol alto por R$ 179.900. As três configurações podem receber o rádio com GPS como opcional, enquanto só a mais completa pode ter o Pacote Advanced, que tem sistema de partida por botão, assistente de estacionamento, sistema de som Bose e Audi Drive Select – que muda parâmetros de direção, suspensão e trem de força ao toque de um botão.

Em relação à pré-apresentação de fevereiro, o trem de força era o único item que a Audi já tinha confirmado. O Q3 Attraction e Ambiente vêm com o motor 2.0 TFSI pronto para render 170 cv entre 4.300 e 6.200 giros e torque de 28,5 kgfm. Pela primeira vez essa calibração mansa do versátil propulsor é usada por aqui. Na mais completa, a Ambition, a unidade de força traz os já conhecidos números de 211 cv e 30,5 kgfm de torque. Sempre aliado a ele vem a transmissão de dupla embreagem S-Tronic de sete velocidades e com o sistema de tração integral Quattro. Um equipamento direcionado muito mais para a segurança dinâmica do que um auxiliar para trilhas off-road.
Ponto a ponto

Desempenho – Apesar de já ser um conjunto conhecido, a parceria entre o motor 2.0 TFSI e a transmissão automatizada de dupla-embreagem S-Tronic ainda impressiona. A partir dos 1.800 giros, quando o torque aparece em sua totalidade, o propulsor "enche" e o Q3 fica muito esperto. A versão mais potente, com 211 cv, o zero a 100 km/h é feito em menos de 7 segundos. Uma boa marca para um utilitário. Apenas imediatamente acima da marcha lenta é sentida alguma hesitação por parte do SUV. Nota 9.
Estabilidade – As curvas da Fazenda Capuava reveleram um utilitário muito competente dinamicamente. A suspensão é bem calibrada e não permite muita rolagem de carroceria. O carro segue com fidelidade a trajetória proposta pelo motorista e só tende a sair de frente em situações muito extremas. Nesse ponto, a tração integral Quattro ajuda a manter o Q3 em rota. Nota 9.
Interatividade – Como o carro é bastante completo, existem vários comandos espalhados no interior do Q3. A maioria deles, no entanto, está ao alcance da mão e é de fácil uso. O volante é multifuncional e ainda abriga as borboletas para trocas de marchas na traseira. O sistema de entretenimento tem comandos intuitivos, principalmente com o sistema de quatro teclas que controlam praticamente tudo. De ruim ficam os comandos do ar-condicionado, que exigem movimentos repetitivos demais e a localização das entradas auxiliares do rádio, escondidas no compartimento do console central. Nota 9.
Consumo – Como o carro ficou limitado a uma pista e com uso severo, os números de consumo do computador de bordo são pouco úteis – ficaram na casa dos 4 km/l. A Audi garante que o Q3 faz ótimos 13,0 km/l no combinado entre cidade e estrada. Nota 7.
Conforto – O Q3 é um utilitário esportivo médio e oferece bom espaço no interior. Não chega a impressionar, mas é suficiente para a maioria das exigências. Os bancos são confortáveis e deixam os ocupantes sempre bem apoiados. No que foi possível perceber da suspensão no circuito, ela se mostrou rígida, privilegiando a estabilidade. Dessa forma, as pequenas imperfeições do asfalto eram sentidas no interior, mas tudo de maneira decentemente controlada. Não chegavam a ser pancadas secas no interior. Nota 8.
Tecnologia – Em todas as versões, o Q3 vem bastante equipado. Traz de série controles de estabilidade e tração, além de seis airbags e ABS. Os itens de conforto são condizentes com a proposta do carro. Lançado em 2011, ele é montado na plataforma PQ35 do Grupo Volkswagen, a mesma que o Volkswagen Tiguan e o Golf VI usam. Moderna, ela traz suspensão traseira independente, por exemplo. O único porém é para a lista de opcionais. Para um carro do porte e posicionamento de mercado do Q3, ele merecia sair completo de fábrica. Nota 9.
Habitalidade – Os acessos são corretos e as portas contam com bons vãos de aberturas. Na frente, há espaço suficiente para todos os ocupantes. Atrás, até pela concepção do banco central, o mais indicado é levar mais duas pessoas. O caimento do teto obriga quem vai atrás a se abaixar um pouco para entrar. O porta-malas é decente. Leva 460 litros de bagagem. Nota 8.
Acabamento – Como todo Audi, o Q3 é rigorosamente trabalhado por dentro. A parte superior do painel é revestida de um plástico emborrachado de qualidade e macio ao toque. No centro, no entanto, falta mais requinte. O plástico é duro. Para um carro de suas pretensões, deveria ser melhor. O grande destaque na configuração topo de linha são os detalhes em alumínio que ainda passam uma sensação de profundidade. Os bancos de couro também agradam bastante. Nota 9.
Design – É o utilitário mais bonito da Audi. O que não quer dizer grande coisa. Afinal, o Q7 é meio trambolhudo e o Q5, conservador demais. Mas, de fato, o Q3 é um carro bem-resolvido. A identidade visual da marca esta lá, com a grade imponente e os faróis de led. De perfil, o SUV é discreto, com um suave caimento do teto em direção à traseira. Nota 7.
Custo/benefício – Por ter uma estratégia diferente, o Q3 é significativamente mais caro que o BMW X1, seu rival alemão. Enquanto o Audi parte de R$ 144.900, o modelo da BMW custa menos de R$ 120 mil. Mas tem menos equipamentos e conjunto mecânico menos competente. Em relação ao Range Rover Evoque, o Q3 de entrada é mais barato, mas pode chegar próximo dos R$ 200 mil quando equipado com todos os opcionais e na versão "top". Os opcionais, por sinal, são um dos "calcanhares de aquiles" mercadológicos do utilitário da Audi. Por ser um carro Premium, sair completo de fábrica era quase uma obrigação. Nota 7.
Total – O Audi Q3 somou 82 pontos em 100 possíveis. 
Impressões ao dirigir

Veia nervosa

Indaiatuba/SP – Quando apresentou o Q3 pela primeira vez à imprensa, a Audi prefiriu mostrar o carro em um ambiente mais usual, em estradas e na cidade. Na hora da verdade, porém, a escolha da marca alemã explicitou claramente uma das principais facetas do seu utlitário médio: a esportividade. No circuito da Fazenda Capuava o SUV se mostrou um carro que, ao menos dinamicamente, pouco dá a entender que tenha tido qualquer herança off-road.

Nos testes na pista, o Q3 impressionou pela neutralidade na direção. Para um carro que tem quase 1,60 m de altura, a carroceria do utilitário quase não rola. As quatro rodas ficam sempre grudadas ao chão e a aderência e estabilidade são elogiáveis. Mas tem limites. E, para um carro relativamente pesado, de 1,5 tonelada, eles são menores que em um leve esportivo. Por isso, a Audi o equipou desde a versão de entrada com os sempre úteis controles de estabilidade e de tração.
E, em situações extremas, a sua eficácia é facilmente comprovada. Em um teste de slalom, em que é necessário fazer curvas em sequência, o Q3 se manteve na trajetória. Mas, quando a velocidade passa do indicado para a manobra e o carro perde a frente, os itens de segurança rapidamente atuam e dão o controle de volta ao motorista.
Grande parte desse ímpeto acelerado nas curvas se dá pelo competente conjunto de força. A Audi tinha apenas unidades topo de linha, com a calibração de 211 cv e 30,5 kgfm, e que, mais uma vez, se mostrou muito eficiente. Até as 1.800 rotações – faixa de início do torque máximo –, o Q3 hesita um pouco. Acima disso, no entanto, o modelo acelera com desenvoltura. A força é constante até 4.900 rpm, o que deixa o carro esperto na maioria das situações. Ponto também para a transmissão S-Tronic de dupla embreagem. Ela faz as trocas com extrema velocidade e sempre no momento certo.
No interior, o Q3 mantém uma boa impressão. Nesta versão topo de linha, o destaque são os entalhes em alumínio no painel. A Audi garante que eles são feitos para dar um efeito tridimensional. Os bancos são revestidos com um couro de boa qualidade, têm alta densidade e apoios laterais. A parte superior do painel recebe um material emborrachado e macio ao toque. Requinte que não é espalhado para a parte central do console, revestido de um plástico duro, mas sempre com bons encaixes.

Nos momentos em que foi necessário sair da pista para fazer alguma manobra, o Q3 apresentou uma suspensão bem acertada. As imperfeições do trecho não-pavimentado foram bem absorvidas pelo carro e não chegaram a incomodar. O espaço interno é justo. Não há exageros, como nos companheiros Q5 e principalmente no Q7, mas é confortável. Afinal, apesar de mostrar boas capacidades na pista, sua principal missão é dirigir até o restaurante, trazer as compras do shopping e levar as crianças à escola.
Ficha técnica
Audi Q3 2.0 TFSI

Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.984 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando duplo de válvulas no cabeçote. Injeção direta de combustível, acelerador eletrônico e turbocompressor com intercooler.
Transmissão: Câmbio automatizado de sete velocidades à frente e uma a ré. Tração integral. Oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 170 cv entre 4.300 e 6.200 rpm na Attraction e 211 cv entre 5 mil e 6.200 rpm na Ambition.
Aceleração 0-100 km/h: 7,8 segundos na Attraction e 6,9 segundos na Ambition.
Velocidade máxima: 212 km/h na Attraction e 230 km/h na Ambition.
Torque máximo: 28,5 kgfm entre 1.700 rpm e 4.200 giros na Attraction e 30,5 kgfm entre 1.800 e 4.900 rotações na Ambition.
Diâmetro e curso: 82,5 mm x 92,8 mm. Taxa de compressão: 9.8:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira independente do tipo multilink, com braços sobrepostos, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade de série.
Pneus: 235/80 R18.
Freios: A discos ventilados. Oferece ABS e EBD.
Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Com 4,38 metros de comprimento, 1,83 m de largura, 1,59 m de altura e 2,60 m de entre-eixos. Oferece airbags duplos frontais, laterais dianteiros e do tipo cortina.
Peso: 1.510 kg.
Capacidade do porta-malas: 460 litros.
Tanque de combustível: 64 litros.
Produção: Martorell, Espanha.
Lançamento mundial: 2011.
Lançamento no Brasil: 2012.
Itens de série:
Attraction: Ar-condicionado, banco do motorista elétrico, acabamento interno em couro, computador de bordo, faróis e lanternas de led, volante multifuncional, trio elétrico, rodas de liga leve de 17 polegadas, airbags frontais, laterais e de cortina, assistente de partida em aclives, controle de estabilidade e de tração, faróis bi-xenônio, freio de estacionamento eletrônico, rádio/CD/MP3/USB/Aux.
Preço: R$ 144.900.
Ambiente: Adiciona ar-condicionado automático de duas zonas, retrovisor eletrocrômico, teto solar elétrico, rodas de liga leve de 18 polegadas, cruise control, sensores de estacionamento traseiro de chuva e de luminosidade.
Preço: R$ 159.900.
Ambition: Adiciona banco do carona com ajustes elétricos, acabamento interno em alumínio, retrovisores aquecidos, sensor de estacionamento dianteiro e de luminosidade com assistente para farol alto.
Preço: R$ 179.900.

Prós:
# Desempenho
# Dirigibilidade
# Tecnologia

Contras:
# Desenho pouco criativo
# Preço dos opcionais
por Rodrigo Machado - Auto Press
Fonte: MotorDream

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