Saturday, June 16, 2012

Avaliação: Kia Cerato 2012

16/06/2012 Carros do Álvaro — Sedã tem linhas modernas e bom conjunto mecânico. Mas autoestima...Não deve ser fácil acordar todos os dias, olhar no espalho e falar: eu sou o Kia Cerato, tenho músculos bem torneados, força e beleza, mas o sucesso não me acompanha. Sem draminha, o sedã coreano, uma bela opção entre os médios, sofre, na verdade, com o apelo dos concorrentes. Na ponta da tabela dos mais vendidos deste segmento Honda Civic e Toyota Corolla dominam a brincadeira há anos, no máximo alternando o lugar mais alto do pódio entre eles.

Pouco abaixo aparecem duas opções recentes e bem sucedidas chamadas Chevrolet Cruze e VW Jetta, dois carros com cartas na manga em relação ao Kia: rede de concessionárias pelo menos duas vezes maior. Como se esse quarteto não bastasse, o Cerato ainda tem que superar outros médios com apelos variados: 408 e Fluence têm bom custo-benefício, as linhas do Elantra são envolventes, o Lancer denota esportividade e o C4 Pallas – sim, ele ainda existe! – é um médio com tamanho GG.

Segunda impressão

Confesso que entrei no Cerato com um pouco de desconfiança. Nunca tinha andado no sedã da Kia, e as impressões dos colegas de redação eram variadas. Pelo menos um ponto eles tinham em comum: a versão manual de seis marchas era infinitamente superior à automática, diziam. Por sorte (ou coincidência), era justamente o Cerato com embreagem que me aguardava na garagem.

Soprava um vento frio na noite daquela sexta-feira, dia do meu primeiro contato com o carro. A pressa em entrar no sedã e fugir dos 11 graus do lado de fora era tanta, que nem pude dar uma olhada em suas linhas, uma mania tola. Numa boa, nem precisava. O desenho do coreano é exatamente o mesmo desde que chegou aqui, em 2009. Sem surpresas, mas ainda capaz de chamar a atenção.

Sento no carro e chama a atenção a espuma do banco, um pouco dura acima da média. Parto pro segundo passo, ajustar espelhos, volante e... o Cerato não tem controle de profundidade. É, minha experiência com o sedã não começou das melhores.
Para quebrar o gelo com esse coreano, e ainda com frio, dou partida no motor 1.6 quatro cilindros em linha, o único disponível para o carro no Brasil. Logo a sensação de estar na Sibéria de sunga desaparece – e não foi porque liguei o aquecedor. Saio pela rua e reparo que o coreano tem respostas rápidas e suspensão firme, é gostoso de dirigir e... me faz esquecer que praticamente neva do lado de fora.

Se a primeira impressão com o Cerato foi frígida, a segunda me convenceu a alterar meu caminho inicial – e colocar mais km no trajeto Car and Driver - casa. Como uma criança com um brinquedo novo começo a explorar o sedã em pormenores. O câmbio curto e bem escalonado – um pouco ruidoso também, é verdade – administra com primor os 126 cv de potência.

O torque de 15,9 mkgf, disponível em sua totalidade aos 4.200 rpm, ajuda a empurrar o carro com uma energia até surpreendente. Nas curvas, o Cerato tem comportamento neutro e não faz menção de sair de frente em velocidades civilizadas. Com 1.223 kg, o modelo tem relação peso/potência de 9,7 kg/cv.

Mudança de postura

A temperatura na cidade não parava de cair e correr para meu abrigo era cada vez mais necessário. Mudei de rota ainda surpreso com o carro. Chegando na minha garagem, desligo o motor e começo a reparar no interior do sedã. Extenso uso de plástico duro... volto a sentir frio. É um ponto que Corolla e Civic também pecam, é verdade, mas havia uma expectativa de que o interior do Kia fosse mais caprichado. A impressão é de simplicidade, mesmo esta versão top trazendo pedais de aço escovado, costura personalizada nos bancos e volantes e outros detalhes.

Passados alguns dias com o Cerato, chego a conclusão de que esse carro é um injustiçado – exemplos como este não faltam por aí, vide o Bravo, o antigo Mégane etc. Com linhas modernas e conjunto mecânico afiado, ele merecia estar em mais garagens. Mas essa história deve mudar em breve. Ainda este ano desembarca por aqui a nova geração do sedã. Tudo novo para poder olhar pro espelho com orgulho e gritar: sou o Kia Cerato, forte, bonito e todos me querem.
Por: Marcelo Cosentino
Fonte: CarAndDriverBrasil

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