06/06/2012 Carros do Álvaro — Etios, o carro da Toyota para o povão.“Uau! É o Etios!”, essa é a reação que os executivos da Toyota no Japão esperam do público em países emergentes ao se deparar com o Etios. Concebido com a cabeça nos BRICs(Brasil, Rússia, Índia e China) , o modelo é uma aposta mundial da maior montadora do planeta para aumentar sua presença em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Mas será que o carrinho japonês merece tal onomatopeia de emoção?
O Etios é o carro que a Toyota produzirá em sua nova fábrica em Sorocaba (SP) ao ritmo inicial de 70.000 unidades por ano, o que praticamente duplicará o volume da montadora no país, onde atua basicamente com o Corolla e a Hilux. Se o carro for bem, a produção pode aumentar – a planta tem licença ambiental para fazer até 400.000 carros anualmente.
Os alvos dos japoneses são os compactos populares tradicionais do mercado nacional, como Fiat Palio e, principalmente, o VW Gol, concorrente que a Toyota faz questão de citar quando exalta as qualidades de seu novo produto. Por isso, cria-se uma enorme expectativa ao redor do Etios, o que é bom e ao mesmo tempo perigoso.
Nos slides de apresentação o Etios é melhor que todos os seus concorrentes em praticamente tudo: tamanho, espaço interno, capacidade de carga, frenagem, aceleração, segurança... Enfim, ele chega com status para ser “O Carro” da categoria, pois, segundo a própria fabricante, reúne essas qualidades com o primoroso serviço de pós-venda da Toyota, que é um dos grandes atributos de vendas da marca no Brasil e no mundo.
Expresso Japão-Índia-Brasil
No Brasil tudo é mais caro, por isso Toyota decidiu desenvolver o Etios na Índia, pois segundo os executivos da montadora, o país asiático tem muito em comum com os demais países emergentes, como o público com pouca grana e o asfalto “lunar”. Acontece que o nível de exigência dos indianos é menor que o do brasileiro, um povo mais “fresco” quando o assunto é carro.
Segundo Asashi Nishimura, chefe de desenvolvimento do compacto ou simplesmente “Mister Etios”, o modelo destinado ao Brasil passou por uma sessão de caprichos pautada por pesquisas realizadas com o público brasileiro, que exigiu uma grade frontal e calotas mais bonitas, aerofólio traseiro (no caso do hatch) e estrutura e suspensão mais firmes, o que reflete diretamente na dirigibilidade do carro. “O Etios que será feito no Brasil é mais ‘durinho’ que o indiano”, explicou Eduardo Camignoto, chefe de sessão de engenharia de produto da Toyota no Brasil.
Não conto, não conto e não conto!
Os japoneses são um povo conhecido pela disciplina e também pela desconfiança, mas nesse ponto eles exageram com o Etios. Com (muito) medo de uma resposta da concorrência, os dirigentes da marca sequer revelaram a potência e torque dos motores, no caso 1.3 litro para o hatch e 1.5 litro para o sedã (ambos 16V e DOHC). “Esses dados nós vamos divulgar somente quando o carro for lançado no Brasil”, contou o reservado Mr. Etios, que também não disse quando o carro será lançado, apesar de alguns de seus colegas da matriz em Nagoya terem confirmado, sem querer, a estréia para setembro. Impressões ao dirigir
A Toyota levou um grupo de jornalistas brasileiros até o Japão para o que ela chamou de “pré-lançamento” do Etios. O test-drive foi realizado em circuito fechado, onde a marca, de forma até inocente, criou obstáculos como lombadas e trechos esburacados no intuito de simular o desastroso asfalto brasileiro. Não deu muito certo.
Começamos com o sedã. Exclusivamente equipado com o motor 1.5, o modelo desenvolve velocidade com suavidade e em silêncio, mas pena para chegar aos 120 km/h. Nas curvas o comportamento do carro transmite segurança ao não oscilar tanto a carroceria e a suspensão reagiu bem aos obstáculos instalados na pista, mesmo quando a tocada fugia um pouco da tranquilidade japonesa. É um carro agradável de guiar, mas está longe de empolgar.
O acabamento decepciona e mostra que nem a Toyota consegue fazer milagre nesse segmento. Os plásticos são visivelmente de baixo custo e o painel de instrumentos no centro do cockpit é uma artimanha para tornar o projeto mais barato, pois facilita a instalação do volante tanto do lado esquerdo como do lado direito, para o carro indiano que segue a mão inglesa. O medidor de combustível também poderia ser maior – quase não se vê o elemento no painel de tão pequeno.
Mas o espaço interno do sedã é louvável. Mais amplo até que o Corolla, o Etios três volumes esbanja conforto no banco traseiro e o porta-malas comporta 595 litros de volume de bagagem, número que o coloca na ponta do quesito na categoria.
No Etios hatch história é bem diferente. Equipado somente com motor 1.3 (também com potência sigilosa), o carro nessa configuração é mais barulhento, pois tem de fazer mais força para se deslocar, e sofre um pouco nas arrancadas, mas ainda assim preserva o conforto de rodagem do sedã devido a suspensão bem acertada entre o macio e o rígido, um ajuste que pode agradar o público brasileiro em cheio.
As capacidades do hatch, por outro lado, são um tanto limitadas quando comparado a versão sedã. O espaço na traseira diminui significativamente e a capacidade do bagageiro cai para 297 litros, um volume ligeiramente acima da média da concorrência. Em contrapartida, o visual Etios nesta série é mais harmonioso, enquanto no três volumes a traseira parece ter sido simplesmente encaixada na carroceria.
Fonte: Carros.iG
O Etios é o carro que a Toyota produzirá em sua nova fábrica em Sorocaba (SP) ao ritmo inicial de 70.000 unidades por ano, o que praticamente duplicará o volume da montadora no país, onde atua basicamente com o Corolla e a Hilux. Se o carro for bem, a produção pode aumentar – a planta tem licença ambiental para fazer até 400.000 carros anualmente.
Os alvos dos japoneses são os compactos populares tradicionais do mercado nacional, como Fiat Palio e, principalmente, o VW Gol, concorrente que a Toyota faz questão de citar quando exalta as qualidades de seu novo produto. Por isso, cria-se uma enorme expectativa ao redor do Etios, o que é bom e ao mesmo tempo perigoso.
Nos slides de apresentação o Etios é melhor que todos os seus concorrentes em praticamente tudo: tamanho, espaço interno, capacidade de carga, frenagem, aceleração, segurança... Enfim, ele chega com status para ser “O Carro” da categoria, pois, segundo a própria fabricante, reúne essas qualidades com o primoroso serviço de pós-venda da Toyota, que é um dos grandes atributos de vendas da marca no Brasil e no mundo.
Expresso Japão-Índia-Brasil
No Brasil tudo é mais caro, por isso Toyota decidiu desenvolver o Etios na Índia, pois segundo os executivos da montadora, o país asiático tem muito em comum com os demais países emergentes, como o público com pouca grana e o asfalto “lunar”. Acontece que o nível de exigência dos indianos é menor que o do brasileiro, um povo mais “fresco” quando o assunto é carro.
Segundo Asashi Nishimura, chefe de desenvolvimento do compacto ou simplesmente “Mister Etios”, o modelo destinado ao Brasil passou por uma sessão de caprichos pautada por pesquisas realizadas com o público brasileiro, que exigiu uma grade frontal e calotas mais bonitas, aerofólio traseiro (no caso do hatch) e estrutura e suspensão mais firmes, o que reflete diretamente na dirigibilidade do carro. “O Etios que será feito no Brasil é mais ‘durinho’ que o indiano”, explicou Eduardo Camignoto, chefe de sessão de engenharia de produto da Toyota no Brasil.
Não conto, não conto e não conto!
Os japoneses são um povo conhecido pela disciplina e também pela desconfiança, mas nesse ponto eles exageram com o Etios. Com (muito) medo de uma resposta da concorrência, os dirigentes da marca sequer revelaram a potência e torque dos motores, no caso 1.3 litro para o hatch e 1.5 litro para o sedã (ambos 16V e DOHC). “Esses dados nós vamos divulgar somente quando o carro for lançado no Brasil”, contou o reservado Mr. Etios, que também não disse quando o carro será lançado, apesar de alguns de seus colegas da matriz em Nagoya terem confirmado, sem querer, a estréia para setembro. Impressões ao dirigir
A Toyota levou um grupo de jornalistas brasileiros até o Japão para o que ela chamou de “pré-lançamento” do Etios. O test-drive foi realizado em circuito fechado, onde a marca, de forma até inocente, criou obstáculos como lombadas e trechos esburacados no intuito de simular o desastroso asfalto brasileiro. Não deu muito certo.
Começamos com o sedã. Exclusivamente equipado com o motor 1.5, o modelo desenvolve velocidade com suavidade e em silêncio, mas pena para chegar aos 120 km/h. Nas curvas o comportamento do carro transmite segurança ao não oscilar tanto a carroceria e a suspensão reagiu bem aos obstáculos instalados na pista, mesmo quando a tocada fugia um pouco da tranquilidade japonesa. É um carro agradável de guiar, mas está longe de empolgar.
O acabamento decepciona e mostra que nem a Toyota consegue fazer milagre nesse segmento. Os plásticos são visivelmente de baixo custo e o painel de instrumentos no centro do cockpit é uma artimanha para tornar o projeto mais barato, pois facilita a instalação do volante tanto do lado esquerdo como do lado direito, para o carro indiano que segue a mão inglesa. O medidor de combustível também poderia ser maior – quase não se vê o elemento no painel de tão pequeno.
Mas o espaço interno do sedã é louvável. Mais amplo até que o Corolla, o Etios três volumes esbanja conforto no banco traseiro e o porta-malas comporta 595 litros de volume de bagagem, número que o coloca na ponta do quesito na categoria.
No Etios hatch história é bem diferente. Equipado somente com motor 1.3 (também com potência sigilosa), o carro nessa configuração é mais barulhento, pois tem de fazer mais força para se deslocar, e sofre um pouco nas arrancadas, mas ainda assim preserva o conforto de rodagem do sedã devido a suspensão bem acertada entre o macio e o rígido, um ajuste que pode agradar o público brasileiro em cheio.
As capacidades do hatch, por outro lado, são um tanto limitadas quando comparado a versão sedã. O espaço na traseira diminui significativamente e a capacidade do bagageiro cai para 297 litros, um volume ligeiramente acima da média da concorrência. Em contrapartida, o visual Etios nesta série é mais harmonioso, enquanto no três volumes a traseira parece ter sido simplesmente encaixada na carroceria.
O emergente
Resumindo, o Etios é um carro agradável de conduzir, embora não tenha muita força, e seu visual e capacidades internas agradam, mesmo com um acabamento pobre. Seguindo essa fórmula, seu sucesso dependerá única e exclusivamente de um preço não só honesto como também muito competitivo, pois é assim que seus rivais atuam no mercado brasileiro.
Por falar neles, dá até para fazer um paralelo com a também japonesa Nissan, que estreou entre os compactos com o March e o Versa. Comparado a eles, a família Etios perde em refinamento, mas sobra em espaço interno. Já a receptividade deve ser bem parecida, ou seja, positiva, sobretudo pela imagem que os japoneses possuem, mas sem ter volume suficiente para incomodar Gol, Palio ou Uno.
Se o Etios fosse realmente um produto muito bom ele não seria um produto exclusivo para os mercados emergentes, mas também para o Japão. Com o Corolla é assim.
por Thiago VinholesResumindo, o Etios é um carro agradável de conduzir, embora não tenha muita força, e seu visual e capacidades internas agradam, mesmo com um acabamento pobre. Seguindo essa fórmula, seu sucesso dependerá única e exclusivamente de um preço não só honesto como também muito competitivo, pois é assim que seus rivais atuam no mercado brasileiro.
Por falar neles, dá até para fazer um paralelo com a também japonesa Nissan, que estreou entre os compactos com o March e o Versa. Comparado a eles, a família Etios perde em refinamento, mas sobra em espaço interno. Já a receptividade deve ser bem parecida, ou seja, positiva, sobretudo pela imagem que os japoneses possuem, mas sem ter volume suficiente para incomodar Gol, Palio ou Uno.
Se o Etios fosse realmente um produto muito bom ele não seria um produto exclusivo para os mercados emergentes, mas também para o Japão. Com o Corolla é assim.
Fonte: Carros.iG
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